terça-feira, 1 de junho de 2010

Música e indústria - parte 2

E onde entra o dinheiro nisso tudo? Se tanta gente tem interesse em música, por que a indústria musical está nessa fossa toda? Nunca se escutou tanta música quanto em nosso tempo, nunca o acesso a bandas e sons e estilos foi tão fácil, nunca o interesse foi tão grande. Eu, por exemplo, gosto de música desde moleque, e quando gostava de alguma canção específica, tinha que esperar TOCAR NO RÁDIO pra poder gravar numa fita K7. E o refrão ainda vinha misturado com a voz do locutor e a vinheta da estação. As alternativas eram arranjar algum amigo que tivesse o CD (para eu copiar em K7), ou comprar o disco (o que muitas vezes significava ir ao Rio de Janeiro pra CONSEGUIR UM CD).

Como consumidor, os tempos são muito mais fáceis. Baixo um bando de coisa na internet, conheço bandas novas e antigas, leio todas as histórias, mitologias e causos, e vejo vídeos e fotos sem levantar a bunda da cama. Como músico, os tempos são mais fáceis e mais difíceis. Por um lado, minha música está disponível no Brasil todo, no Japão, na Islândia, no Egito etc etc etc. Isso é fantástico. O problema de distribuição do produto foi completamente resolvido. Por outro lado, brasileiros, japoneses, islandenses, egípcios e etceteirenses não estão escutando minha música. De que adianta garantir o acesso se ninguém escuta? Se ninguém ouve a árvore caindo na floresta, como podemos afirmar que ela caiu?

Esse é o papel da indústria fonográfica nos tempos atuais. É ela que garante a PUBLICIDADE em cima do produto. É ela que cria os meios para que a Maria Gadú, por exemplo, toque na novela das oito. Agora todo mundo sabe que nome é esse, mas a um ano atrás, quem saberia?

O problema da indústria é que ela vivia PRIMORDIALMENTE da venda de discos. Ela vendia discos como a Coca-Cola vende Coca-Cola, inclusive levando uma puta duma fatia do bolo (muito mais do que o próprio artista). Colocar a Maria Gadú na novela das oito garantiria uma boa safra em 2009/2010. Hoje em dia, porém, o povo baixa o disco dela ou compra na feira por 2 ou 3 reais.

Basicamente, a indústria se fudeu completamente, e junto com ela, os artistas que dependiam dela. Os figurões podiam não ganhar rios de dinheiro com os discos, mas a publicidade da indústria garantia os rios de dinheiro com os shows. Agora, esse grande meio não existe, e eles estão tendo que se reinventar. Ou seja: a internet não facilitou a vida dos músicos novos tanto quanto FUDEU COM OS ANTIGOS.

Como resolver isso tudo? Vá para a parte 3.

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