quinta-feira, 24 de junho de 2010

Música nova: Me Chama de Hippie

Terceira canção nova e original: Me Chama de Hippie. Download, no botão do player com a seta pra baixo.

Me Chama de Hippie by E Ai King?

Letra de la canción:

Porque você é tão difícil
Sempre com a guarda em pé
Largue os seus artifícios
Pra gente dar um rolé

Quero dar um trago, com um bom vinho, morango e ameixas
Quero ter vários filhos, o Ziggy, a Janis, Mary Jane, Raul Seixas

A chave é a simplicidade
O meu jeito de viver
Não gosto de novidades
Com exceção de você

Quero dar um trago, levar um Bob, um Nesta e um Marley
Quero ter uma horda de dreads compridos with my only darling

Eu gosto tanto de você
Eu quero ser seu Patropi, seu pode crer
Eu gosto tanto de você, e não vou me arrepender

Me chama de hippie
Me diz que eu durmo sujo
Eu não me importo
Em estar ao seu lado


Informações técnicas: Gravado em home studio, mixado e masterizado por Rafael no Estúdio Madruga, Brasília, em junho de 2010.

sábado, 19 de junho de 2010

Os novos caminhos da música

Depois daqueles 3 posts sobre a indústria da música, resolvi falar sobre músicos novos. Se os artistas das grandes vendagens pré-Napster seguiam um modelo +/- definido de composição/gravação/execução, a tecnologia e, principalmente, a criatividade vêm revelando caminhos totalmente novos e inusitados para a música. Aparentemente, ter uma banda nos moldes "convencionais" (batera, baixo, guitarra etc.) não parece ser pré-requisito nem a base para se fazer música.

Vamos sair da teoria para os exemplos. O Pomplamoose é composto por Nataly Down e Jack Conte, que gravam todos os instrumentos e, mais importante, inventaram um tal de VideoSong, onde tudo o que é tocado é também filmado, e tudo que é filmado é realmente tocado ("não tem playback"):



O video acima é um cover de September, do Earth, Wind and Fire, mas o Pomplamoose também tem músicas próprias, bastante originais. Nessa brincadeira, eles venderam aproximadamente 100 mil músicas do iTunes em 2009, gravaram comercial e o escambau.

O próximo na fila é o Diego Stocco. Esse maluco basicamente tira som de qualquer coisa, areia,  bonsais, pianos pegando fogo, galáxias, o que você imaginar. E ainda inventa instrumentos. Nessa brincadeira, ele gravou trilhas para vários jogos e até já participou da trilha do Sherlock Holmes, composta pelo Hans Zimmer.


Diego Stocco - Bassoforte from Diego Stocco on Vimeo.

Continuando os exemplos, temos o Peeping Tom. Mais um dos muitos projetos de Mike Patton (Faith No More, Mr. Bungle), o interessante é que uma dezena de artistas (Norah Jones, Massive Attack) colaborou com ele nesse disco por email. Não posso confirmar, mas é bem possível que boa parte das pessoas que gravaram o disco nem se viram. E o disco é foda.



Colaborações a distância podem não ser inéditas, mas pense na facilidade com que vários artistas gravaram um disco com o Mike Patton sem ter que aturar ele no dia-a-dia hehehe.

Essa lista não é a mais atualizada possível, portanto não termina aqui.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Música nova: Calor do Dia

Segunda canção nova e original. Para fazer download, já sabe: clique no botão com uma seta para baixo.

Calor do Dia by E Ai King?

Na verdade, Calor do Dia não é totalmente original, mas uma livre versão (não exatamente igual) de uma música do Yellowman, Love It. Ele é um dos grandes cantores do dancehall jamaicano da década de 80, sendo referência pra uma pancada de gente. O 311, por exemplo, aproveitou o começo de uma música dele (Mr. Chin) em All Mixed Up. A melodia de outra de suas músicas, Zunguzungunguzunguzeng, foi basicamente reaproveitada em pelo menos 14 músicas diferentes, como mostra esse artigo muito interessante.

Aqui no Brasil, ele é mais conhecido por 2 menções do Planet Hemp na música Mantenha o Respeito:

Nobody move, nobody get hurt
Ninguém se move, ninguém se machucará
-----------------------------------------------------------------
Eu ouço Yellow, Buju Banton, Cutty Ranks, Shabba
Porque eles não querem me impedir de fazer fumaça


Eu sempre me amarrei em Yellowman, especialmente no melodia do refrão de Love It. Mas o resto da letra é bem toscão, portanto eu a re-adaptei para algo mais... palatável. DEPOIS DESSA EXTENSA APRESENTAÇÃO, segue a letra de Calor do Dia:

Nem com calor do dia, e o cansaço, não importa
Se não for rolar, você não passa por essa porta

Quero você, quero você
Mas só beijinhos não vão me satisfazer

Quero você, que tesão em te ver
Esquecer os problemas da vida e meter
A cabeça em coisas mais interessantes
Daqui em diante, sou eu e você
E o quarto, e a cama, a cozinha e o sofá
Em cima da mesa, ou em qualquer lugar
Se quiser tomar banho, podem até ser dois
Um antes e outro depois

Nem com calor do dia, e o cansaço, não importa
Se não for rolar, você não passa por essa porta

Quero você, quero você
Mas só beijinhos não vão me satisfazer
Quero você, quero você
Não vou ficar só no chuveiro e DVD

Um beijinho, dois beijinhos, três beijinhos
Agora pára um pouco e toma um vinho
Quatro beijinhos, cinco beijinhos, seis beijinhos
Na nuca arrepia os cabelinhos
Sete beijinhos, oito beijinhos, nove beijinhos
Eu tô ficando um pouco mais intrusivo
Dez beijinhos, cem beijinhos, mil beijinhos
Chega disso, eu trabalhei a semana inteira


Informações técnicas: Gravado em home studio, mixado e masterizado por Rafael no Estúdio Madruga, Brasília, em junho de 2010.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Som du bom, vol. 1 - LIVING COLOUR

Fazer música é muito bom, tocar é muito bom, ouvir é muito bom, mas bom também é falar de música. Todos temos bandas e artistas preferidos, e de vez em quando dá aquela vontade de "evangelizar" os outros... portanto, resolvi fazer uma série de posts chamada Som du Bom, para pregar a palavra do bom som (na minha opinião). 

Começo com o Living Colour. Eles tocaram aqui em Brasília em 14 de maio, o que acabou sendo um dos melhores shows da minha vida, sem sombra de dúvida. O show fez parte de um evento duma corrida de Fórmula 3, ou 10, ou 3000... sei lá o que era. Só sei que eu paguei 70 reais pra ver o show do Living Colour com open bar de cerveja Antartica, do lado da minha casa. Geralmente, eu tenho que viajar 1000 km pra ver um show desses (RJ ou SP).

Se fosse só isso, já tava muito bom. O som, tecnicamente falando, não era lá essas coisas, o que poderia acabar com o show - começando pelo desânimo provocado sobre a banda. P*&@$ NENHUMA. Os caras tocaram 2 horas e meia de show, tocaram todos os sucessos, as músicas novas e até raridades. E quando o show acabou, os caras (os próprios músicos) ficaram pra falar com a galera, tirar fotos, dar autógrafos e até arrumar os equipamentos.

O show foi foda, no melhor sentido. Eles não foram somente profisionais - eles tocaram com técnica, com tesão e com atenção aos fãs. Foram exemplo para Axl Roses e afins. Seguem aí duas musiquetas e a biografia da banda.



segunda-feira, 7 de junho de 2010

Música nova: Armadilhas

Alô alô, começando a série de músicas novas e originais. A primeira é Armadilhas:

Armadilhas by E Ai King?

Para fazer download, é simples: clique no botão do player que tem uma seta apontando para baixo.

Segue a letra:

Eu vou te tratar direito
Um certo jeito de enxergar que não existe defeito
Eu quero que você faça
Tudo aquilo que te satisfaça
E aquilo que for pesado
A gente deixa tudo para o lado

Te infantilizam, mas não quero uma criança
E eu vejo a mulher no jeito que você dança
Te infantilizam, mas eu sei te dar valor
Correntes e correntes travestidas de amor
Te infantilizam, mas eu vejo a mulher
Você sabe o que eu quero, eu sei o que você quer

Armadilhas, manipulações
O jogo está em cima da mesa, mas eu deixo pra depois
Armadilhas, manipulações
Se um não quer, dois não imitam tantas outras gerações


Informações técnicas: Gravado em home studio, mixado e masterizado por Rafael no Estúdio Madruga, Brasília, em junho de 2010.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Música e indústria - parte 3

Como resolver tudo isso? NÃO SE RESOLVE. Por quê? Porque isso é problema das grandes gravadoras, não meu. As gravadoras desempenhavam um papel fundamental de DISTRIBUIÇÃO do produto que eram os discos. É como se, em vários casos, o público pagasse por um panfleto sonoro que indicava a chance de um show de tal banda/artista num futuro próximo. Hoje a internet faz isso DE GRAÇA.

Além disso, querer achar uma forma de voltar a cobrar dinheiro pela música é tentar recriar um problema que foi resolvido. Imagine, por exemplo, que foi criada uma impressora de comida, e que ela só precisa de uma pasta feita de água e trigo para que QUALQUER REFEIÇÃO SEJA IMPRESSA NA SUA CASA, com gosto e tudo. Bastaria você fazer o download de receitas para ter qualquer prato fantástico a sua disposição. O que você faria???

IA PRECISAR DE UM HD NOVO SÓ PRA GUARDAR RECEITAS.

O que a indústria alimentícia faria?

ENLOUQUECERIA.

Rapidamente, cozinheiros que criassem receitas pelo mundo inteiro viriam a público falar dos males da pirataria de receitas, de como essa nova tecnologia estava acabando com seu ganha-pão. De que adiantaria? DE NADA. Para eles, o melhor a fazer seria arranjar empregos em restaurantes, onde eles fariam comida de verdade na hora. Um show.

Resumindo, eu sou um cozinheiro, e tenho várias receitas de graça para vocês. Espero que gostem.

Música e indústria - parte 2

E onde entra o dinheiro nisso tudo? Se tanta gente tem interesse em música, por que a indústria musical está nessa fossa toda? Nunca se escutou tanta música quanto em nosso tempo, nunca o acesso a bandas e sons e estilos foi tão fácil, nunca o interesse foi tão grande. Eu, por exemplo, gosto de música desde moleque, e quando gostava de alguma canção específica, tinha que esperar TOCAR NO RÁDIO pra poder gravar numa fita K7. E o refrão ainda vinha misturado com a voz do locutor e a vinheta da estação. As alternativas eram arranjar algum amigo que tivesse o CD (para eu copiar em K7), ou comprar o disco (o que muitas vezes significava ir ao Rio de Janeiro pra CONSEGUIR UM CD).

Como consumidor, os tempos são muito mais fáceis. Baixo um bando de coisa na internet, conheço bandas novas e antigas, leio todas as histórias, mitologias e causos, e vejo vídeos e fotos sem levantar a bunda da cama. Como músico, os tempos são mais fáceis e mais difíceis. Por um lado, minha música está disponível no Brasil todo, no Japão, na Islândia, no Egito etc etc etc. Isso é fantástico. O problema de distribuição do produto foi completamente resolvido. Por outro lado, brasileiros, japoneses, islandenses, egípcios e etceteirenses não estão escutando minha música. De que adianta garantir o acesso se ninguém escuta? Se ninguém ouve a árvore caindo na floresta, como podemos afirmar que ela caiu?

Esse é o papel da indústria fonográfica nos tempos atuais. É ela que garante a PUBLICIDADE em cima do produto. É ela que cria os meios para que a Maria Gadú, por exemplo, toque na novela das oito. Agora todo mundo sabe que nome é esse, mas a um ano atrás, quem saberia?

O problema da indústria é que ela vivia PRIMORDIALMENTE da venda de discos. Ela vendia discos como a Coca-Cola vende Coca-Cola, inclusive levando uma puta duma fatia do bolo (muito mais do que o próprio artista). Colocar a Maria Gadú na novela das oito garantiria uma boa safra em 2009/2010. Hoje em dia, porém, o povo baixa o disco dela ou compra na feira por 2 ou 3 reais.

Basicamente, a indústria se fudeu completamente, e junto com ela, os artistas que dependiam dela. Os figurões podiam não ganhar rios de dinheiro com os discos, mas a publicidade da indústria garantia os rios de dinheiro com os shows. Agora, esse grande meio não existe, e eles estão tendo que se reinventar. Ou seja: a internet não facilitou a vida dos músicos novos tanto quanto FUDEU COM OS ANTIGOS.

Como resolver isso tudo? Vá para a parte 3.

Música e indústria - parte 1

MÚSICA, Música, música. Bão dimais. Nunca conheci alguém que dissesse: "Não gosto de música". NUNCA. No máximo, o indivíduo não tem opinião formada sobre tal estilo ou tal artista, mas ele curte música mesmo assim. NEM QUE SEJA PRA PEGAR MULHER.

Para uns, a música é mais ainda. Uma necessidade visceral. Parte integrante do dia-a-dia, como comer e dormir. O cara acorda de manhã, liga o som e DEPOIS vai ao banheiro. A mina PÕE O SOM NO MÁXIMO ÀS SETE DA MANHÃ pra escutar música durante o banho. O casal TEM QUE TOCAR UM LOVAGE ou um PORTISHEAD durante o secso pra dar um clima, porque senão todo mundo broxa.

O gosto musical se assemelha a vontades de mulher grávida. Você acorda de manhã e TEM que escutar uma música específica, ou vê um filme e lembra daquele disco que não escuta a tanto tempo, mas que TEM que escutar. Do tipo "Putz, cadê o Tábua de Esmeraldas que eu não acho??!!". Ou então "Se eu não escutar Tim Maia Racional agora, meu filho vai nascer com cara de Tim Maia Racional!!"

De qualquer maneira, a música é importante para a sociedade como um todo. Em casa, no carro e no trabalho, ela é uma grande forma de expressão pessoal. Um playlist diz muito sobre uma pessoa, o momento que ela passa e sua personalidade como um todo. Em festas particulares, a música serve tanto para o ambiente (música ambiente = lubrificante sonoro) quanto para fazer a festa acontecer. Em festas pagas, bares e shows, ela é geralmente alta, ensurdecedora, não só para chamar clientes como também para simplificar e até reduzir a qualidade da conversa entre o público. Em estádios, quadras e entre torcidas em geral, ela serve de hino, uma representação daquela coletividade.

E onde entra o dinheiro nisso tudo? Vá para a parte 2.